Escola de Dança de Paracuru corre riscos de fechar definitivamente

Apesar de uma década de trajetória social, a Escola de Dança de Paracuru corre riscos de fechar definitivamente
A melodia era estranha aos ouvidos dos moradores da antiga aldeia de pescadores. Paracuru era acostumada ao balanço do forró, à animação que estimula o gingado, aos movimentos feitos sempre de par em par. A música clássica que escapava pelas venezianas de uma casa próxima à praça da cidade chamou atenção. Os bailarinos e o professor sabiam que eram observados por crianças e adultos de olhos curiosos tentando entender, por entre as brechas nas janelas da sala onde aconteciam os ensaios, o que acontecia de novo ali tão perto deles.
Alunos da escola de Paracuru: dificuldades financeiras ameaçam o projeto
A cena aconteceu há cerca de dez anos, durante os primeiros momentos da Escola de Dança de Paracuru. Hoje, mesmo após se tornar referência como projeto social e cultural não apenas na cidade onde surgiu, mas em todo o Ceará, o centro corre sério risco de fechar as portas.
"A situação da escola hoje é muito frágil", revela o diretor executivo Paulo Victor Feitosa. De acordo com ele, a Escola de Dança de Paracuru atualmente se sustenta com base em dois patrocínios: o da Petrobrás e o da Coelce, cada qual responsável por um semestre de auxílio. São, em média, R$ 50 mil por mês para dar conta da manutenção da infraestrutura física, material de trabalho, água, luz e até mesmo o almoço e o lanche ofertados diariamente aos 220 alunos que passam pelo menos um turno do dia dentro da escola. O problema enfrentado é a falta de garantia da renovação do contrato de apoio referente à Petrobras, expirado em setembro de 2012. Além disso, conforme explica Paulo Victor, devido a uma dificuldade nos repasses financeiros da Coelce, apenas a primeira parcela do auxílio foi recebida, possibilitando apenas que um mês da dívida de oito meses da escola fosse quitada.
"Perder um patrocínio de 50% deixa a gente preocupado", confessa o diretor. Graças às contas acumuladas, a escola antecipou o encerramento das atividades do semestre e anunciou férias antecipadas aos estudantes. Um eufemismo para "fechou as portas sem previsão de reabertura". De acordo com Paulo Victor Feitosa, se continuarem apenas com um único patrocinador fixo, o funcionamento da escola deverá ser reduzido a 30 ou 40% do atual. "É bem drástico", comenta. Segundo o diretor, essa é a primeira vez desde a fundação que a dificuldade financeira alcança proporções tão graves. "A gente já passou seis meses sem entrada de recurso, mas fomos avisados antes de que isso aconteceria. Agora sem certeza de contrato, com apenas um patrocinador, é a primeira vez", revela.
"A gente está sofrendo muito, isso foi um baque para a escola", conta Lairson Freitas, bailarino e um dos fundadores da Escola. Hoje professor de dança aos 29 anos, ele foi aluno na mesma instituição aos 16. O envolvimento com o ambiente, com os desafios e com as superações vem desde as raízes da criação do centro. "Caso a escola feche, vai ser um momento de grande tristeza, principalmente para as crianças. O sonho deles é se tornar bailarinos; eles já entram na escola com esperança de dançar, de se apresentar, de estar em um palco. Poucos deles já foram sequer a um teatro", descreve Lairson.
Ainda de acordo com o professor, que trabalha como voluntário, a Escola de Dança de Paracuru é o único centro cultural da cidade a oferecer formação tão completa aos jovens. "Hoje em dia, se você falar de cultura e dança, você fala de Paracuru", afirma. "É uma responsabilidade social muito grande. São muitos pais e mães que acreditam nesse projeto. As crianças também se prejudicam. É um esporte, é um lazer, é um direito delas a terem isso, mas infelizmente a gente não tem verba suficiente para manter". De acordo com o diretor executivo Paulo Victor Feitosa, há alunos residentes em distritos mais afastados que andam cerca de duas horas até chegar à escola. "Além de fazer por amor à dança, a única saída social dele é estar na escola", afirma Feitosa.
FONTE: http://diariodonordeste.globo.com
Fico triste com tal notícia, espero que essa situação seja contornada. Fica aqui um apelo para que seja feito um movimento em prol da Escola de Dança de Paracuru pois tenho orgulho por eles representarem tão bem nossa cidade. NÃO DEIXEMOS ESSE SONHO ACABAR...
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